segunda-feira, 24 de maio de 2010

Esclarecendo suas dúvidas: PRÉ-SAL



Pré-sal é a denominação das reservas petrolíferas encontradas abaixo de uma profunda camada de sal no subsolo marítimo, que também é chamada subsal. As rochas que contêm petróleo neste tipo de local normalmente são encontradas em regiões abissais, de difícil acesso e localização.

O Brasil se destaca no cenário mundial como o primeiro do mundo a encontrar petróleo na região pré-sal. Estas também são as maiores reservas conhecidas em zonas da faixa subsal. Além do Brasil, já foram identificadas outras áreas com forte potencial petrolífero em águas ultra-profundas, como Congo, Gabão, México e Cazaquistão.

Confirmados, existem três campos de pré-sal: Tupi, Iara e Parque das Baleias, que vão de Santa Catarina até o Espírito Santo. Esses mais de 800 km de extensão da bacia de petrolífera já levaram a produção de 14 bilhões para 33 bilhões de barris. Ainda em prospecção, existem outras áreas, que poderão render de 50 a 100 bilhões de barris ao ano.

E COMO SE FORMA O PETRÓLEO?
Houve um tempo em que os continentes não tinham separação alguma entre si. África era colada na América, que era grudada na Ásia e na Europa. Quando se separaram as placas tectônicas, que formariam América do Sul e África, surgiram mares rasos, pântanos, mangues, onde se depositavam toda sorte de micro-organismos. Os espaços preenchidos por aquela matéria aquosa eram verdadeiras sopas de proteínas vivas. Com o passar dos milênios, e das Eras Glaciais, mais e mais micro-organismos se acumulavam ao longo do leito do mar, junto com sedimentos de rochas, areia, sal. Esse acúmulo formou as rochas depósito, que contém o petróleo que hoje é extraído.

Milhões de anos se encarregaram de formar uma larga camada de sal — resultado de evaporação da água naqueles grandes e rasos lagos salobros —, que foi coberta pelos oceanos quando do degelo das calotas polares. Novas eras glaciais se seguiram, e os novos degelos trouxeram mais partículas para o fundo do mar, formando mais uma camada de rochas sedimentares.

Estes micro-organismos sedimentados no fundo do oceano, soterrados sob pressão e com oxigenação reduzida, degradaram-se muito lentamente e com o passar do tempo, transformaram-se em petróleo, como o que hoje é encontrado no litoral do Brasil.

LOCALIZAÇÃO
As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil, no espaço de até 200 milhas da costa. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API. Estão localizadas nas águas territoriais brasileiras e na zona econômica exclusiva. O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal se estende entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d'água e entre quatro e seis mil metros de profundidade no subsolo, chegando portanto a até 8000m da superfície do mar, incluindo uma camada que varia de 200 a 2000m de sal. Segundo Márcio Rocha Mello, geólogo e ex-funcionário da Petrobrás, a área do pré-sal poderia ser bem maior do que os 800 quilômetros, se estendendo de Santa Catarina até o Ceará.

O conjunto de descobertas situado entre o Rio de Janeiro e São Paulo (Bem-te-vi, Carioca, Guará, Parati, Tupi, Iara, Caramba e Azulão ou Ogun) ficou conhecido como “Cluster Pré-Sal”, pois o termo geral “Pré-Sal” passou a ser utilizado para qualquer descoberta em reservatórios sob as camadas de sal em regiões petrolíferas do Brasil. Ocorrências semelhantes sob o sal podem ser encontradas nas Bacias do Ceará (Aptiano Superior), Sergipe-Alagoas, Camamu, Jequitinhonha, Curumuxatiba e Espírito Santo, sendo que a grande diferença deste último é que o sal é alóctone, que significa que não foi formado no local onde se encontra enquanto o brasileiro e o africano são autóctones, ou seja, se formou onde se localiza atualmente.

EXTRAÇÃO E TECNOLOGIA
A descoberta do petróleo nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi possível devido ao desenvolvimento de novas tecnologias como a sísmica 3D e sísmica 4D, de exploração do oceano, mas também de técnicas avançadas de perfuração do fundo do mar. A Petrobras afirma que já possui tecnologia eficaz na extração do óleo da camada. O escopo da empresa é desenvolver inovações tecnológicas que permitam maior rentabilidade, principalmente nas áreas abissais.

Em setembro de 2008, a Petrobras começou a explorar petróleo da camada subsal em pequena escala. Esta primeira exploração ocorre no Campo de Jubarte, também chamada de Bacia de Campos.

Um problema a ser enfrentado pelo país diz respeito ao ritmo de extração de petróleo e o destino desta riqueza. Se o Brasil extrair todo o petróleo muito rapidamente, este pode se esgotar em uma geração. Se o país se tornar um grande exportador de petróleo bruto, isto pode provocar a sobrevalorização do câmbio, dificultando as exportações e facilitando as importações. Este fenômeno é conhecido como "mal holandês", que pode resultar na queda de produtividade de outros setores, como a indústria e agricultura.

CURIOSIDADE
Os nomes que se anunciam das áreas do Pré-Sal possivelmente não poderão ser os mesmos, pois se receberem o status de "campo de produção", os mesmos deverão ser batizados, segundo o artigo 3o da Portaria ANP nº 90, com nomes ligados à fauna marinha.



Fonte: Tô Sabendo Mais
Redator: Edson Caldas